terça-feira, 18 de junho de 2013

A LUTA CONTINUA



Era 1983, início do ano. Governador recém-eleito, depois de mais de 20 anos sem eleição direta. O Brasil vivia momentos novos. Transição lenta, gradual e segura. Prefeito de Capital continuava sendo indicado pelo governador. Também de cidades consideradas estâncias hidrominerais. 

O presidente era Figueiredo, ditador. Tancredo derrotara Eliseu. Nós com o PT novinho lançamos Sandra Starling. A ditadura criou o voto vinculado, daqueles casuísmos típicos, para lhe facilitar a eleição. Nos saímos até bem. Tivemos uns 3% pro governo e elegemos um deputado estadual, um federal e 14 vereadores em todo o estado de Minas Gerais.
 
Estudante na Universidade Católica, reabrimos o Diretório Acadêmico da Filosofia – Dom Hélder Câmara, que havia sido fechado pela ditadura! Disputamos o Diretório Central dos Estudantes.
Fomos às ruas nos manifestar contra o fim da meia entrada, determinada pelo governo da ditadura. E contra a demolição do Cine Metrópole, na Rua da Bahia.

Foi um dia inteiro de confronto em BH. A PM de Tancredo nos bateu forte, Batalhão de Choque, Gás lacrimogênio, Cassetete violento, prisões.

Acreditávamos que o primeiro governador eleito não iria deixar a polícia bater em Estudante, que protestava pacificamente por duas causas mais que justas. Lêdo engano. 

Perdemos as duas causas. Nem meia entrada, nem o majestoso Cine Metrópole, que virou agência bancária.

Depois vieram as Diretas. Voltamos às ruas. Tancredo nos traiu e se aliou a parte dos militares. Derrubaram a emenda Dante de Oliveira.
Depois voltamos às ruas na Constituinte. Muitas lutas e conquistas, num país regido por  poderes ditatoriais, censura e privilégios das elites econômicas, inflação, arrocho salarial, políticas sociais? Nunca! Chegou 89. Lula lá! Fomos ao segundo turno de forma espetacular! A Rede Globo e a direita, nos derrotaram com golpes baixos, desde manipulação de debate até infiltração de bandidos em nossas manifestações para depois manipular a opinião pública na cobertura dos noticiários! 

Avançamos, iniciamos mudanças por todos os cantos deste Brasil. Mobilizamos, lutamos, realizamos! No campo e na cidade. Acumulamos. E em 2002 fizemos a virada e iniciamos uma mudança histórica em nosso país! 

Hoje, só quem viveu tudo isso ou se debruçou para estudar nossa realidade, é capaz de compreender essa explosão de desejo de participar de uma nova juventude, herdeira de nossas lutas e do que já fomos capazes de realizar em dez anos e meio de governo popular. 

As lindas manifestações ( tirando excessos nos Atos e na Cobertura  pelos Meios de Comunicação antigos) exprimem o desejo de avançar mais, e com mais rapidez. 

Espero que os governos estaduais e municipais de esquerda  e que o governo da Presidenta Dilma tirem as lições  e sejam capazes de ouvir a voz das ruas: Essas manifestações são progressistas, querem um novo salto nas políticas públicas, querem mais rigor com as empreiteiras, menos felicianos, mais atenção à Educação e à Saúde. Transporte Coletivo decente e mais barato, sustentabilidade. Democratização das Comunicações!

A direita quer surfar, mas não é esse o seu público e nem suas causas. Mas a manipulação midiática é grande e a cobertura vai se ajustando, no sentido de unificar uma pauta contra o governo popular do Brasil.

Não brinquemos, pois não quero que nossas lutas joguem água no moinho da direita. 

Quando perdemos naquela época o meio passe e o Cine metrópole, perdemos uma batalha. Mas aqui, é uma guerra!

Gleber Naime - Diretório Nacional/PT




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