Era
1983, início do ano. Governador recém-eleito, depois de mais de 20 anos sem
eleição direta. O Brasil vivia momentos novos. Transição lenta, gradual e
segura. Prefeito de Capital continuava sendo indicado pelo governador. Também
de cidades consideradas estâncias hidrominerais.
O presidente era Figueiredo,
ditador. Tancredo derrotara Eliseu. Nós com o PT novinho lançamos Sandra
Starling. A ditadura criou o voto vinculado, daqueles casuísmos típicos, para
lhe facilitar a eleição. Nos saímos até bem. Tivemos uns 3% pro governo e
elegemos um deputado estadual, um federal e 14 vereadores em todo o estado de
Minas Gerais.
Estudante
na Universidade Católica, reabrimos o Diretório Acadêmico da Filosofia – Dom
Hélder Câmara, que havia sido fechado pela ditadura! Disputamos o Diretório
Central dos Estudantes.
Fomos
às ruas nos manifestar contra o fim da meia entrada, determinada pelo governo
da ditadura. E contra a demolição do Cine Metrópole, na Rua da Bahia.
Foi
um dia inteiro de confronto em BH. A PM de Tancredo nos bateu forte, Batalhão
de Choque, Gás lacrimogênio, Cassetete violento, prisões.
Acreditávamos
que o primeiro governador eleito não iria deixar a polícia bater em Estudante,
que protestava pacificamente por duas causas mais que justas. Lêdo engano.
Perdemos
as duas causas. Nem meia entrada, nem o majestoso Cine Metrópole, que virou
agência bancária.
Depois
vieram as Diretas. Voltamos às ruas. Tancredo nos traiu e se aliou a parte dos
militares. Derrubaram a emenda Dante de Oliveira.
Depois
voltamos às ruas na Constituinte. Muitas lutas e conquistas, num país regido
por poderes ditatoriais, censura e privilégios
das elites econômicas, inflação, arrocho salarial, políticas sociais? Nunca! Chegou 89. Lula lá! Fomos ao segundo turno de
forma espetacular! A Rede Globo e a direita, nos derrotaram com golpes baixos,
desde manipulação de debate até infiltração de bandidos em nossas manifestações
para depois manipular a opinião pública na cobertura dos noticiários!
Avançamos,
iniciamos mudanças por todos os cantos deste Brasil. Mobilizamos, lutamos,
realizamos! No campo e na cidade. Acumulamos. E em 2002 fizemos a virada e iniciamos
uma mudança histórica em nosso país!
Hoje,
só quem viveu tudo isso ou se debruçou para estudar nossa realidade, é capaz de
compreender essa explosão de desejo de participar de uma nova juventude,
herdeira de nossas lutas e do que já fomos capazes de realizar em dez anos e
meio de governo popular.
As
lindas manifestações ( tirando excessos nos Atos e na Cobertura pelos Meios de Comunicação antigos) exprimem
o desejo de avançar mais, e com mais rapidez.
Espero
que os governos estaduais e municipais de esquerda e que o governo da Presidenta Dilma tirem as
lições e sejam capazes de ouvir a voz
das ruas: Essas manifestações são progressistas, querem um novo salto nas
políticas públicas, querem mais rigor com as empreiteiras, menos felicianos,
mais atenção à Educação e à Saúde. Transporte Coletivo decente e mais barato,
sustentabilidade. Democratização das Comunicações!
A
direita quer surfar, mas não é esse o seu público e nem suas causas. Mas a
manipulação midiática é grande e a cobertura vai se ajustando, no sentido de
unificar uma pauta contra o governo popular do Brasil.
Não
brinquemos, pois não quero que nossas lutas joguem água no moinho da direita.
Quando
perdemos naquela época o meio passe e o Cine metrópole, perdemos uma batalha.
Mas aqui, é uma guerra!
Nenhum comentário:
Postar um comentário